Humanidades Digitais no Brasil

Há hoje diversos pesquisadores no Brasil trabalhando com as Humanidades Digitais – sem necessariamente fazer uso deste nome. É o caso de projetos na área da linguística em conjunto com projetos de computação e matemática; de projetos na área da literatura que se ocupam da poesia no meio digital; dos inúmeros historiadores, sociólogos e antropólogos cujas pesquisas utilizam e geram bancos de dados eletrônicos; e dos cientistas da informação envolvidos na construção de bibliotecas e outros acervos digitais.

Este seminário é proposto por alguns desses pesquisadores brasileiros: o grupo de pesquisas Humanidades Digitais, abrigado na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, órgão da Universidade de São Paulo responsável pela criação da Brasiliana Digital.

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Blog do Grupo de Pesquisas Humanidades Digitais – humanidadesdigitais.org

O grupo foi oficializado em 2011, para  ampliar e consolidar as pesquisas e os experimentos que vinham sendo conduzidos em torno do acervo desde 2009 nas áreas de história, lingüística, ciência da computação, ciência da informação e educação, sempre com o objetivo de (a um tempo) sofisticar o catálogo e o conteúdo do acervo da Brasiliana e ampliar e democratizar o acesso a eles. Este é um trabalho que pressupõe a integração de múltiplas perspectivas de pesquisa: fazem-se necessários, entre outros, os olhares do especialista em computação, biblioteconomia, história, linguística e tradução, presentes no nosso grupo.

Vemos no campo das Humanidades Digitais um espaço que pode abrigar a nossa diversidade de perspectivas. Neste seminário, pretendemos nos reunir com alguns dos pesquisadores deste campo, aproveitando a diversidade das suas experiências de pesquisa e as suas inquietações em torno das formas correntes de produção e difusão da informação, para iniciar um caminho mais aprofundado de reflexão.

Com isso, pensamos poder colaborar com os passos iniciais no caminho da reflexão crítica sobre a relação entre as humanidades e o mundo digital, com a perspectiva de contribuir para a fundação de um corpo metodológico e investigativo sobre esta relação na comunidade de pesquisa brasileira. Acreditamos ser este tema merecedor de atenção, ao menos da perspectiva de constituir-se como um fenômeno cultural digno de nota. Se faz algum sentido o campo das Humanidades Digitais, vale refletirmos e pensarmos sobre ele; se este campo não faz sentido, vale refletirmos e pensarmos sobre o significado de seu impacto quantitativo, midiático e financeiro.

É este impacto quantitativo e financeiro que traz um último ponto que consideramos relevante ressaltar para os debates – em particular, a questão do papel dos profissionais ligados às humanidades no processo cada vez mais intenso de tecnologização da organização da informação no meio digital, tendo em vista, particularmente, a formação de repositórios eletrônicos a partir de acervos memoriais. De fato, acreditamos que um evento em torno deste tema pode colaborar para a construção do protagonismo que as humanidades podem assumir no desenvolvimento da sociedade da informação do nosso século, tomando para si um papel ativo no desenvolvimento da sociedade do conhecimento atual, rejeitando o papel coadjuvante num processo de transformação liderado por outras forças.

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